09/12/2018

Mega-resenha: Avatar, a lenda de Aang

Oi oi gente do bem e do mal! Quem me conhece e me chama pra conversar, sabe que faz muito tempo que enrolo pra assistir novamente a franquia Avatar, tanto Aang quanto Korra. Recentemente eu terminei de ver a Lenda de Aang e me encheu de energia pra sobre o cartoon e fazer considerações sobre o quão humano ele é, o quão representativo e especial é Avatar, eu realmente precisava assistir de novo essa história tão maravilhosa. Então, cá estou eu, de prontidão pra fazer uma resenha que vai ser muuuuito extensa e sem spoilers até um determinado momento, mas não se preocupem, podem ler tranquilos porque eu vou avisar quando começar a área de spoilers. O cartoon é especial e diferente, então esperem uma resenha bem diferente do que costumo postar aqui, mas garanto não decepcionar!

Sinopse
"Minha vó me contava sobre os velhos tempos, um tempo de paz, quando o Avatar equilibrava as Tribos da Água, o Reino da Terra, a Nação do Fogo e os Nômades do Ar. Tudo mudou quando a Nação do Fogo. Só o Avatar domina os quatro elementos, só ele pararia os dobradores do fogo. E quando o mundo precisou... Ele sumiu. Passaram-se 100 anos e a Nação do Fogo está vencendo a guerra. Dois anos atrás, meu pai e os homens da minha tribo foram para o Reino da Terra lutar contra a Nação do Fogo, deixando eu e meu irmão cuidando da tribo. Alguns dizem que o Avatar nunca renasceu nos Nômades do Ar e que o ciclo se quebrou, mas eu tenho esperança. Acredito que o Avatar retornará para salvar o mundo." Katara, nos primeiros 30 segundos do cartoon.

Personagens Principais
Eu quero fazer um espaço pra dissertar melhor sobre os personagens tão cativantes de Avatar e detalhar com spoilers no fim do post, então aqui eu vou dar só uma ideia geral dos personagens  que eu considero os principais da obra e as características deles que são reveladas logo nos primeiros minutos de tela dos mesmos, mas o que posso dizer que nunca vi em nenhum cartoon coisa parecida com o que acontece em Avatar -ja vi em anime, mas cartoon? Não-, os personagens são desenvolvidos até a última gota, quando você acha que não tem mais o que desenvolver, ele vai lá e surpreende, é algo que acontece principalmente com o Zuko, mas vai ter uma parte do post só pra ele ali no final.

Aang é o Avatar e ele tem doze anos, então é natural que aja e pense como uma criança em muitos aspectos e muitas situações, mesmo que ele seja uma criança especial que cresceu com os sábios e que seja muito evoluída e equilibrada física e espiritualmente. É fácil rir de Aang e é fácil perceber que ele é forte, ele é poderoso de uma maneira que é diferente da maioria dos protagonistas, o Aang sente. Ele sente intensamente, ele demonstra afeto, medo, angústia e culpa, ele também é impulsivo, ele se permite sentir e pensa duas vezes antes de machucar alguém, mesmo que esse alguém seja seu inimigo. Essa é uma das maiores virtudes dele, o Aang, apesar de saber fazer o que ele faz, ele é humano como todos ali.

A Katara tem uma presença importante na história. Ela é uma mulher. "Sim Hari, só isso?" Bem... Não é simples mulher, ela é uma mulher forte, determinada, claramente feminista e a última dobradora de água da Tribo da Água do Sul e, em algumas situações, ela é ainda mais forte que Aang. O que mais chama atenção sobre a Katara é exatamente a feminilidade que é muito mais que o padrão de feminino das mídias, ela também cozinha, costura, é organizada e organiza a bagunça de todo mundo, é maternal e se preocupa com os amigos, ela é isso tudo que serve de padrão feminino, mas a Katara também luta, ela é poderosa, forte, versátil e odeia injustiças, ela quer ser quem ela é sem as barreiras do patriarcado, ela não se importa com isso e luta contra essas barreiras quando estas são impostas pra ela, a Katara é uma verdadeira guerreira. 

Por muito tempo, antes de rever Avatar, achei que o Sokka não passava de um alívio cômico da série, mas eu estava errada. O Sokka foi muito bem desenvolvido na obra e de início a gente já percebe que ele é um guerreiro e cresceu querendo lutar e proteger sua família. Sokka é barulhento, sarcástico, engraçado, corajoso e extremamente inteligente, além de ser criativo e forte, mesmo não conseguindo dobrar nenhum elemento. A força de Sokka, além da força bruta e o manejo de armas está na inteligência e habilidade de criar estratégias, planos, cronogramas, leitura de mapas, apontar melhores rotas e muitas outras habilidades. Sem o Sokka a equipe não anda e fica desamparada. 

O Zuko... Eu nem sei bem como descrever o Zuko, ele é o príncipe da Nação do Fogo, mas devido a algumas desavenças com o pai -que seira spoiler se eu falasse-, Zuko é mandado pra caçar o Avatar e aparece de primeira num estilo "vilão de primeiro episódio pra mostrar que o protagonista é foda", mas o Zuko tem um desenvolvimento catastroficamente foda que vou abordar depois. Zuko, de início, é um adolescente impulsivo, impiedoso, irritado, instável, temperamental, autoritário, infantil, um Sasuke da vida, demora um tempinho pra gente entender de onde vem todo esse ódio e tpm que o Zuko expressa com tanta paixão. E a voz original dele é extremamente sexy.

Tio Iroh é o tio do Zuko, também viaja com ele pra capturar o Avatar e é a pessoa mais zen que você vai encontrar no mundo da cultura pop, ele é um tio legal e equilibrado que te oferece chá pra você relaxar, ele é diferente do estereótipo que a gente cria da Nação do Fogo -que é um estereótipo meio Zuko, todo mundo é um pouco Zuko na Nação do Fogo-, o tio Iroh é o contrário disso, ele é tranquilo, sábio, calmo e constantemente sorri, gosta de jogar Pai Sho -um jogo de tabuleiro- e fazer/tomar chá

Toph Beifong é uma riquinha. Mas ao contrário do que possa parecer, ela nega totalmente os bons costumes e a fragilidade que querem impor pra ela, Toph é cega aparenta ser mal educada, adora se "divertir" lutando e fazendo coisas afins, ela enxerga através da terra, por isso ela anda com os pés no chão. Possivelmente é a mais forte dobradora de terra de Avatar: a Lenda de Aang. Toph às vezes pode parecer fria e dura como uma rocha, mas também se preocupa muito com os amigos, por mais que tenha dificuldades em expressar seus verdadeiros sentimentos. 

Parte técnica
A trilha sonora é o mais marcante em questão da parte técnica, isso porque ela é bem característica e goza de sons de instrumentos orientais como a pipa -que por sinal é o único que consigo identificar- e instrumentos de percussão tradicionais do oriente, possivelmente chineses, já que eu percebo muito mais uma cultura chinesa do que qualquer outra dentro do desenho, por mais que ele retrate um apanhado geral do oriente. É uma trilha sonora maravilhosa e por vezes pode se tornar relaxante ou animador, é bem difícil não se arrepiar com a trilha sonora de abertura dos episódios (www).

Acho que todos já sabem sobre a animação, ela também tem uma influência forte da cultura oriental, sendo muito parecida com a de Voltron -mas Voltron veio depois, então Voltron que é parecido com Avatar kakaka-, porém comparada com os nossos animes, é bem fácil achar pessoas se referindo a Avatar como anime por causa do traço que pode confundir, mesmo nesse post eu quase falei "anime" muitas vezes, o que não está errado, na minha opinião. Apesar de ser uma obra ocidental, como ela possui inúmeras influencias orientais, eu classificaria como pseudo-anime. A animação também é bem fluida e a dublagem não deixa a desejar -embora eu prefira muito mais o áudio original-.

Minha Opinião Geral
Nossa... Eu nem sei por onde começar, já tinha assistido antes, mas eu pegava episódios solos e não lembro de quase nada deles, quando eu disse quase nada é quase nada mesmo, às vezes eu me pegava pensando "como eu não lembrava disso?" Eu só lembrava de três coisas: A Katara dobrando o suor, a batalha final e o surto da Azula quando [spoiler]ela vira Senhora do Fogo e enlouquece[/spoiler], além disso era muuuito vagamente mesmo, foi como se eu tivesse visto pela primeira vez mesmo. E que experiência, que personagens maravilhosos, eu estou realizada por ter assistido uma obra tão rica.

Rica em detalhes, rica em cultura, rica em ensinamentos. Uma obra que tem um sistema de poderes tão complexo e tão simples ao mesmo tempo, é fascinante como em cada país a gente tem uma dança diferente ao dobrar um elemento diferente, culturas diferentes, etnias diferentes... Enfim, o mundo de Avatar é bem construído em cima das lendas orientais e os "continentes" igualmente construídos, com histórias emocionantes.

Sem dúvida, o que me tocou mais foram os mitos e costumes das Tribos da Água do Sul e do Norte, que sempre fazem uma dança tão elegante ao dobrar água -por mais que a Nação do Fogo arrase mais quando o assunto é elegância na hora de dobrar- e tudo que envolve Tui e La, a Lua e o Oceano e todo o conceito de Yin Yang, até chutaria que Tui e La são apaixonados um pelo outro, não existe nada mais inspirador que eles. Por algum motivo senti uma conexão forte com os dois, algo que não pude explicar, talvez só esteja exagerando na dose de empatia que dou a um desenho, mas eu senti dor quando aconteceu aquilo com Tui e senti raiva quando La se manifestou sobre -a merdinha que o Zhao fez e que é spoiler pra quem não viu-. Assim como também me senti grata e triste quando rolou todo aquele negócio com a Princesa Yue. Tui e La daria uma boa tatuagem, fica aí a ideia.

A Lenda de Aang ainda ressalta o valor da meditação e autoconhecimento com as imagens do Zuko, do tio Iroh, dos avatares num geral e até mesmo dos espíritos Tui e La e dos monges do ar. Está estampado um grande "Medite, faz bem" na maioria dos episódios da série. É um desenho que ensina que pensar nunca é demais, pensar sobre a vida e o universo, pensar sobre si mesmo, se questionar. Relaxar e não se desesperar diante dos problemas, sempre há uma solução que você não pensou ainda, uma solução que pode estar dentro de você.

O fator ação quase nunca age sozinho e isso é um ponto forte de Avatar, não é violência pela violência, as cenas de ação têm um significado na mensagem da obra, é perceptível que Avatar tenta passar uma mensagem de não machucar os outros -inclusive, Aang é vegetariano-, todas as vezes que Aang luta é por autodefesa e isso é uma característica marcante de artes marciais como kung fu e karatê, sem dúvidas se você busca autoconhecimento e uma boa dose de aprendizado, aconselho fazer uma arte marcial que tenha esse princípio, elas te ajudam a ser equilibrado e sábio. Equilíbrio e sabedoria regem esse cartoon.

Falando em ação, puta que pariu... A arte do anime é maravilhosa, as lutas unem as dobras de elementos com artes marciais que é um ponto fortíssimo do cartoon e é muito legal de ver, como eu disse, é algo que se assemelha a uma dança. Chega a ser mágico, algo pra você simplesmente parar e contemplar.

Além disso, vamos dar um ponto gigantesco em questão de representatividade, alguém viu algum loiro ou ruivo bem padrãozinho em Avatar? Eu não. A começar que quase todas as pessoas, com exceção da galera da Água e Terra, parecem ser asiáticos, ou seja, sem brancos europeus por aqui. Por mais que seja difícil pra gente entender, a representatividade asiática em obras americanas é extremamente difícil e quando aparecem, são o padrãozinho nerd ou disciplinado -boa moça ou "cool", no caso de mulheres- que é uma merda, então é ótimo sim, isso é bem importante. Infelizmente, acho que não vi ninguém que representasse o real negro ou indígena, mas podemos dizer que as Tribos da Água são bem representativos e são como esquimós (o termo mais correto seria nativos do Alasca), que podem ser considerados como um povo indígena.

E não para, temos personagens magros, gordos, altos, baixos, crianças, idosos e adultos, uma cega e um cadeirante que também lutam e possuem uma força extraordinária, ninguém fica pra trás e todos podem mostrar o seu valo independente de características físicas ou do lugar onde nasceram. Inclusive, dá pra acreditar que uma cega é a melhor dobradora de Terra do desenho? É uma ótima maneira de incluir essas pessoas e fazê-las se sentirem bem de serem elas, e funciona!

Pra não dizer que é só de desenvolvimento emocional que vive Avatar, o desenho também critica a sociedade de várias maneiras, critica o autoritarismo e a guerra. Além de tratar de um assunto tão comum em guerras e que está sendo tão falado ultimamente: Refugiados. Tal tema que é abordado no episódio 12 do Livro 2, com Zuko e Jet. Falando bem por cima e sem spoilers, eles mostram a desigualdade social existente e a maneira que os refugiados são tratados naquela situação, ou como é difícil fugir e se refugiar em um lugar seguro que te aceite entrar nele. No mesmo livro, ainda há uma crítica à monarquia, sociedades utópicas e perfeitas, corrupção e uma palhinha do que é um golpe.

"Nós, forasteiros, temos que ficar juntos. Temos que nos proteger... Porque ninguém mais vai." Jet, no episódio 12 do Livro 2.

Por que é importante rever algumas obras?
Bem, como eu disse, eu já vi Avatar, a Lenda de Aang, mas não lembro de nada, via episódios soltos e não entendia o valor da série. Garanto que você provavelmente assistiu esse desenho quando este passava na Tv Globinho, mas o que você lembra dele? Me diga. É de extrema importância que você veja Avatar novamente, mas com outros olhos, não pense naquele desenho com ação e comédia que você assistia, mas sim um desenho cheio de ensinamentos, mensagens e conselhos. Eu cresci assistindo essa obra e creio que você também vai crescer. Se estiver passando por um problema emocional, não hesite, veja esse cartoon e absorva tudo o que ele tem a oferecer pro seu desenvolvimento pessoal.

Se você rever Avatar, vai notar o quão diferente está daquele desenho que você assistia quando criança, mas não foi a obra que mudou, foi você. Avatar deve ser visto com maturidade para entender os conflitos internos de cada um dos personagens, tenha isso como hobby e nunca mais tenha outra vida. Eu amei analisar e entrar em cada história, ter empatia, sentir a energia, sentir a mensagem e ter uma mente aberta pra entender a decisão dos personagens, por vezes tão difícil e que reflete suas criações, ambientes e personalidades. Falando em análise, por não não dar uma palhinha do que se trata os sentimentos expressos na obra?

Área de spoilers: Analisando personagens, o post acaba aqui
Não teria como fazer uma resenha de avatar sem uma breve análise de pontos que achei importantes sobre alguns personagens que me chamaram atenção. Então cá vai:

Sokka e Katara liderando uma tribo?
Duas crianças foram deixadas pra proteger uma tribo, que apesar de não ser muito grande, visto os problemas que já sabemos, ainda é uma tarefa árdua e difícil, mas é óbvio que ia dar merda. Precisam proteger a tribo e manter a ordem, mas como? Não há quem os ensine a proteger suas famílias porque todos os adultos aptos para ensiná-los foram pra guerra ou foram devidamente mortos, não há ninguém. A avó dos dois funciona como o tio Iroh funciona pro Zuko, mas ela também não pode fazer a tarefa deles.

Em decorrência disso, Sokka toma aquela criação dele como absoluta e se esforça pra ser um guerreiro pronto pra qualquer perigo, Sokka cresce sendo machista. Logo no primeiro episódio ele é machista e é notável, a própria Katara diz isso, a pressão da guerra é tão forte que ele sempre se cobra o máximo pra ser um guerreiro e nunca discute o papel da mulher nisso. Suki dá uma lição nele, mas ainda assim é difícil se livrar dos costumes que ele acreditou a vida inteira, ele quer deixar de ser assim, mas não consegue e é provável que nunca consiga se livrar totalmente do machismo impregnado nele porque é algo dele, é até bem exposto com o senso exagerado de proteção que ele tem com a Suki depois que ele perde a Yue.

Falando em Yue, alguém lembra do pretendente dela? Assim que o Sokka descobre quem é, ele briga, literalmente sai no soco com ele, como se isso provasse pra ele que ele é merecedor da Yue, como se Yue fosse um troféu a ser conquistado. Ele ama a Yue e provavelmente não a vê dessa forma, mas é o que eu disse, o machismo não é culpa dele, o Sokka é uma vítima do patriarcado também, o Sokka está impregnado com machismo. Sokka evolui muito e aos poucos se torna menos machista, mas isso nunca vai tirar a posição dele de privilegiado na sociedade.

Pegando o gancho da Yue, assim que ela se torna o espírito da Lua, Sokka se vê desamparado, ele perde a mulher que ama, constantemente fica pensando nela e não consegue se livrar desses pensamentos, quando ele e Suki se encontram novamente no Reino da Terra, de alguma forma isso mexe com o Sokka e ele acaba percebendo que se sente atraído pela guerreira Kyoshi, mas... Na hora da verdade, quando ela se declara pra ele, ele se recusa a beijá-la. E está certo. Sokka ainda está confuso com Yue e ainda não está pronto para se relacionar quando ele está traumatizado com uma relação antiga. Suki aceita e aguarda pacientemente, como deve ser.

Voltando com o negócio da liderança da Tribo da Água do Sul, Katara cresce de forma semelhante, mas assume um papel diferente. Essa pressão da guerra força a Katara amadurecer antes do tempo, o Sokka até admite que não se lembrava da própria mãe e sempre que tentava pensar numa figura materna, Katara lhe vinha à mente. Katara botava ordem, Katara mantinha a segurança de maneira análoga à Sokka, além de aprender a costurar e cozinhar, ela se torna rígida, o que dá pra perceber no Livro 3, quando ela e Toph brigam, pois Katara estava sendo super-protetora e não deixava o grupo se divertir, isso não é bom pra ela também, por vezes ela perdeu seus momentos de ser uma criança e posteriormente ser uma adolescente.

Não tem problema sentir
Sokka é orgulhoso e sempre parece querer ser o centro das atenções, nos primeiros episódios a gente nota o quanto ele é autoconfiante e às vezes até metido. No Livro 3 é até estranho que ele tenha um momento feels e se sinta fraco e procure um mestre pra ensinar a ele, mas essa é a questão. Se você não percebeu o papel insubstituível do Sokka na obra, esse episódio deixa claro que sem o Sokka a equipe não é nada. E mesmo com tanta importância ele se sente fraco, inútil, sem dobra... Ele vai atrás de consertar isso e o próprio mestre dele nos fala na cara o quanto a força do Sokka é diferente e não se resume simplesmente a dobras, como eu falei anteriormente, o cara é um gênio.

Isso nos leva a pensar que o Sokka não era exibido por ser autoconfiante, pelo contrário: Sokka é exibido porque ele sempre quer provar o seu valor, ele quer mostrar que ele consegue sim ser um guerreiro sem dobrar nada e ser um líder. No episódio da invasão, o pai dele acredita nele e faz ele explicar todo o plano que o Sokka fez, nada mais justo que apresentar o próprio plano e inspirar a todos, era a hora de Sokka brilhar e... Ele não conseguiu, devido ao nervosismo e talvez ansiedade, Sokka não pôde apresentar o plano e o pai dele se sentiu obrigado a fazer isso como "líder da invasão", quando todos nós sabíamos que esse título era de Sokka. Mais tarde, nós sabemos que ele se recupera e prova seu valor -que nunca precisou provar, o pai dele sempre acreditou nele-, mas essa cena específica nos faz pensar nessa insegurança de Sokka.

Mais anteriormente, no Livro 2, o Guru ensina Aang a desbloquear os chakras para que domine o estado Avatar -essa técnica de desbloqueio existe e é muito interessante, os pontos que Aang pressiona pra vencer Ozai são dois dos principais chakras-. E como desbloqueia? Aceitando todas esses pensamentos negativos como nossos também, a ideia é não se deixar dominar pelo medo, insegurança ou culpa e nem escondê-los dentro de si, é preciso aceitar para que esses sentimentos mantenham um equilíbrio na nossa mente. Como exemplo, temos a culpa que o Aang sente ao queimar Katara, aquela culpa o domina e fecha a mente de Aang pra novas experiências -no caso, dobrar o fogo-.

Não tem problema assumir seus erros e pedir desculpa
Acho que daria um post inteiro só pra falar disso, mas Zuko tem o que considero a maior e melhor história de redenção de todas as produções de mídia ocidentais ou orientais que tive contato. E também a mais realista. Você notam que a única decisão da obra que Zuko tomou sozinho foi de se juntar ao Aang? Isso era o que Zuko procurou a vida inteira: O seu próprio destino. Vamos relembrar pra entender, Zuko era o cara movido pelo ódio que descrevi acima, era impaciente por causa da pressão que o pai exercia de ter honra e achar o avatar, mas vamos ainda mais de início.

Zuko tinha a mãe, que nos leva a crer que ele só era minimamente sensível por causa dela -tanta prova é que Azula não é sensível-, Zuko não escolheu ser "bom". Depois, Zuko participa daquela reunião que acaba gerando o conflito na qual o pai dele o queimou. Ele também não escolheu participar dessa reunião e o fez pra entender mais sobre a guerra e agradar o pai, assim como ele não escolheu lutar no Agni Kai e o fez só pra ser "o foda, olha só como aceito desafios, como sou digno do trono". Foi expulso com o propósito de caçar o avatar. De novo, não escolheu. Foi levado como prisioneiro e fugiu junto com o tio pra recomeçar.

Pergunto, ele escolheu recomeçar? Não, ele foi totalmente influenciado pelo tio, se fosse uma escolha só do Zuko, ele jamais teria aceito a proposta de Azula de voltar pra Nação do Fogo. Nesse tempo em Ba Sing Se, ele amadurece e se pergunta qual é o seu destino e como ele não se sentiu totalmente encaixado em Ba Sing Se, Zuko decide voltar. Decide? Não, novamente ele foi influenciado, dessa vez pela Azula, que faz a proposta de voltarem como heróis. Depois de voltar, ele percebe que ainda não encontrou o destino dele, tenta conversar com o tio pra resolver o problema, mas o tio não fala com ele, eu até entendo, o Zuko precisava fazer uma escolha sozinho. E ele fez.

Era notável que Zuko tinha amadurecido de tal forma que ele estava negando os costumes reais de maneira quase instintiva, como subir no palanquim e ter servos o tempo todo a disposição, a gente nota que ele está incomodado com isso. Ele estava infeliz. Na última reunião dele, o pai fez questão para que Zuko estivesse presente e se sentasse à sua direita e Zuko demonstrou sensibilidade, embora reprimida e de forma sutil devido ao fato de ter o pai presente, ele diz pra Mai que tinha finalmente o respeito do pai, mas que aquele filho perfeito não era ele. Aí que Zuko decide se juntar ao avatar e finalmente faz uma escolha por si só, uma escolha certa, vinda de dentro.

Zuko expressa uma jornada de mudança e autoconhecimento, buscando o seu próprio destino e errado incontáveis erros, o Zuko faz tanta merda que não cabe num post, mas ele sofre as consequências e se demonstra arrependido, se mostra mais calmo e com mais autocontrole. Pede perdão ao time avatar de joelhos, numa posição que conheço como "dogeza", que seria encostar as mãos e a cabeça no chão pra pedir perdão por algo realmente grave, é o gesto de mais puro arrependimento que alguém tão orgulhoso e cruel como Zuko jamais faria, não no início da obra. Ele chega a se entregar como prisioneiro, mano... Eu sinceramente me emocionei com a cena.

E claro que com isso eles aceitam, né? Não. A gente sabe o sofrimento que o Zuko passou, mas o time Avatar não, principalmente a Katara, que depois de perdoá-lo em Ba Sing Se, ele traiu sua confiança e voltou pra Nação do Fogo como se nada tivesse acontecido, e todos nós sabemos que se Zuko ajudasse naquele momento, Ba Sing Se nunca seria dominada, já que Azula estava em desvantagem. Como o próprio Aang disse, perdoar é difícil e é preciso tempo, Zuko soube ser paciente e esperar, mesmo que ele tenha culpado cada célula do seu ser.

O ships de Avatar
Não tem como falar de qualquer obra sem falar dos ships. Avatar é controverso quanto a ship, mas posso dizer que são vários e de vários gostos. Os principais envolve o Zuko. Parece que o fandom inteiro shippa o Zuko com a primeira pessoa que aparece, e é até plausível o motivo de certos ships, shippam com Toph, Katara, Jet, Sokka, Aang e até Azula -eca-, fora a menina de Ba Sing Se que beijou ele e que parece que nunca mais vimos ela. Entre eles, por mais que eu não shippe o Zuko com ninguém -talvez comigo-, tem uma química entre Zuko e Katara que não posso negar, acho que seria muito mais interessante os dois como casal canônico do que o que nos foi apresentado, além de ser interessante um Yin Yang por aqui.

Maaas, não vou mentir, até o final do anime eu já tava achando Zuko e Mai até bonitinho. Era uma relação um tanto sem sal e pouco saudável antes do episódio 15 do terceiro livro, antes desse episódio a gente já sabe que o Zuko tá mudado e que talvez essa relação funcionasse uns três anos atrás, então eu achava nada a ver, sabe? Até porque a Mai era cruel, certo? Mas nesse episódio ela prova seu valor e seu amor por Zuko, aí não neguei mais, a menina indiferente subiu muito em meu conceito. E subiu mais ainda quando o nosso príncipe do fogo quando o Zuko diz pra Sokka que deixou a namorada pra trás e fala com carinho dela, até sorrindo de maneira boba. Porém, ainda digo aqui, Zutara tinha mais química, não que os outros ships não tenham desenvolvimento, mas Zutara era melhor, por mais que eu não shippe.

Ainda com os ships de avatar, uma coisa que achei um tanto problemático é... Gente, alguém disse que o Avatar tem 12 anos? Tá, eu sei que todos ali são adolescentes, mas não sei, ships que envolvem o Aang ou a Toph me soam estranhos de alguma maneira, por mais que não sejam problemáticos de fato. Por esse motivo pessoal, eu não shippo muitos personagens em Avatar, mesmo que tenha muitas brechas pra esse fim. 

"Você não deve ceder ao desespero. Se você se permitir ir por essa estrada, vai se render aos seus instintos mais baixos. Em épocas sombrias, temos que nos dar esperança. Esse é o sentido da força interior." Tio Iroh no episódio 5 do Livro 2.

Com essa frase que serve pra todos nós brasileiros a partir de 2019, eu estou dando esse post como encerrado, espero que tenham gostado do post, foi um post bem prazeroso de se fazer.

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